Tenho que confessar algo para vocês, eu não gostava de palhaço na minha adolescência. Foi de um tempo para cá que comecei a entender e apreciar mais essa figura chamada palhaço.
O palhaço é um personagem que não se satisfaz com o momento presente, ele quer ver além da situação. Vou explicar melhor: certa vez, ouvi de um teólogo que viver é saber conviver com o sofrimento. E provavelmente ele está certo, mas o palhaço diz que a tristeza não é o fim.
Ao contrário do que muitos pensam, o palhaço não veio trazer apenas a risada, ele veio trazer alegria. E o que mais me fascina é que essa alegria ele traz às suas custas. Com um nariz vermelho e uma roupa nada convencional, ele faz de tudo para mostrar às pessoas que a alegria está bem ali do lado dela, é só ela esticar a mão e pegá-la.
Tenho visto palhaços que trabalham em hospitais e fazem de tudo para trazer mais alegria e qualidade de vida àqueles pacientes. Se for preciso, eles cantam, falam bobeira, se fazem de bobos e até se acidentam para tirar um sorriso e alcançar a árvore da alegria que está logo ali. “A felicidade é uma arvore de belos pomos, ela sempre esta onde nós a pomos, mas nunca a pomos onde nós estamos”. Vicente de Carvalho.
Deve ser por isso que fiquei tão encantado com a arquétipo do palhaço, pois ele vai ao cerne do evangelho, à felicidade do outro, mesmo que seja às próprias custas. Ao citar o principal mandamento, Jesus fala de amar a Deus acima de todas as coisas e amar o próximo como a si mesmo. Precisamos lembrar que ele estava citando o antigo testamento, mas Jesus mostrou com sua própria vida que o seu evangelho vai mais além. Ele mostrou que não é apenas amar como a si mesmo, mas sim às custas de si mesmo, se for preciso.
No filme Patch Adams, um estudante de medicina luta para transformar um hospital em um lugar mais pessoal, menos sério e carrancudo, um lugar com espírito de criança. Mas por causa disso foi perseguido, pois o hospital “deveria” ser um lugar sério onde os doutores fossem respeitados e reverenciados. Acredito que não são só os hospitais que precisam entender a alegria que os palhaços entenderam e melhorar a qualidade de vida de quem está lá, penso que o trânsito, os escritórios, as escolas e, inclusive a igreja, precisam experimentar mais alegria.
É isso mesmo, as igrejas! Onde está escrito que a igreja precisa ser um lugar sério onde a alegria não entra? Acredito em um Deus que se alegra quando seus filhos se alegram.
Certa vez Jesus falou que “quem não for como uma criança não entrará no reino do céu”. Acredito em uma igreja mais alegre, com um espírito de criança, onde os seus membros possam encontrar refúgio espiritual, comunhão e muita alegria. Se os palhaços entenderam esta mensagem de Jesus, podemos também entender.
Marcos é Missionário da Missão Jovens da Verdade e da SEPAL, fundador e líder do ministério JV na Estrada, Professor da FLAM, fundador do ministério Terra dos Palhaços e pastor de jovens e adolescentes da Ipalpha.
Nenhum comentário:
Postar um comentário