sexta-feira, 25 de fevereiro de 2011

sobre a arte do encontro

A oficina teatral Ribalta Sertaneja, que tinha como temas "O teatro como a arte do encontro" e o "Ator criador popular", que aconteceu entre os dias 3 e 12 de janeiro, em Vitória da Conquista, foi um "cutucão" para os integrantes do Só-Risos que participaram. Verdade que para Anoca, Bililica, Lindo Lando e Anamor, os encontros tiveram significados diferentes, mas, conversando entre nós, percebemos um ponto em comum nas nossas experiências: a importância dos encontros que temos na vida e o que deixamos e recebemos do outro. Nós, como clowns dispostos a realizar um trabalho voluntário usando a arte como meio de conscientização e sensibilização, nos atentamos para a enorme responsabilidade que carregamos junto com os nossos narizes, pois cada intervenção e ação criativa realizada pelo Só-Risos, repercute de uma forma no público, então é de extrema importância mantermos a seriedade da arte que nos dispusemos a fazer (um palhaço sério? piada uma hora dessas, Anoca? hihihi).

A oficina foi ministrada por três profissionais de expressões artísticas distintas, e por isso englobou diversos exercícios, de voz, corpo, improviso, interpretação, dança, canto, brincadeiras e muitos bate-papos entre os participantes e professores, todos com experiências incríveis e dispostos a compartilhar com o grupo. Aprendemos novos jeitos de brincar de pega-pega e esconde-esconde, a lidar com o imprevisto numa atividade em que descobríamos na hora de apresentar quem éramos, onde estávamos e o que deveríamos fazer, a confiar nos nossos colegas em atividades corporais que exigiam muito controle e concentração. Descobrimos personagens dentro de nós e tivemos a oportunidade de deixá-los viver e interagir uns com os outros, realizamos um ritual dionisíaco para vestí-los, conversamos longamente sobre a cultura sertaneja e a identidade do teatro conquistense.

Poderia falar de como os abdominais ensinados pelo professor Aroldo me fizeram ter a sensação de que nunca mais minha coluna seria a mesma, das conversas sobre o real intuito do teatro que estávamos dispostos a fazer que me faziam chegar em casa com a cabeça à mil e os olhos marejados, ou de como na noite anterior à atividade na feira, pensei diversas vezes em não comparecer e que não estava preparada para um contato tão intenso com o público. Mas deixo aqui apenas um trecho de uma música dos Novos Baianos que, na minha opinião e de Bililica, transmite muito bem o que sentimos enquanto estivemos na Ribalta Sertaneja:

"vou mostrando como sou e vou sendo como posso
jogando meu corpo no mundo, andando por todos os cantos
e pela lei natural dos encontros
eu deixo e recebo um tanto."

E como a oficina suscitou em nós vários desejos e inquietações, resolvemos reunir os exercícios e atividades que consideramos mais pertinentes ao projeto artístico do Só-Risos em um oficinão, que começa hoje (25/02) e vai até o dia 27/02, destinado aos membros do grupo que não estavam presentes no Ribalta e aos demais interessados em aprender coisas novas e juntar os risos. Esperamos vocês lá!

Anoca

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